quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Confissões Matinais

Para ler ao som de Suspicious Minds.




Acordei atrasada outra vez. Pulei da cama arrancando a roupa e corri para o banho. Não havia tempo para o café, mas eu sabia que seria atormentada por horas de mau humor se não bebesse um gole do meu elixir.

Coloquei Elvis para tocar enquanto penteava o cabelo e aguardava a água ferver. (Espero que minha mãe não leia isso. Ela odiaria saber que escovo o cabelo no meio da cozinha.)

Elvis cantava, a água fervia e eu fazia um rabo de cavalo quando me peguei pensando em você. Sei lá porque caralho de razão, já que a música não tinha nada a ver com a gente.

Cheguei a procurar um chip sob a pele. O que foi que você fez comigo para passear assim pela minha cabeça?

A gente tem tudo a ver e é justamente por isso que eu não quero te ver nunca mais. Quietinho, Elvis! Deus me livre da sua voz me fazendo pensar - de novo - nesse cara.

Eu conversava com o Elvis, a água borbulhava, a escova repousava e o tempo continuava passando. Esqueci do café e do relógio enquanto desenhava sua imagem mentalmente e procurava me convencer dos seus defeitos. Um trabalhão, diga-se de passagem!

Enquanto a maioria das minhas amigas sempre quis um príncipe encantado, meu sonho de consumo era a casa da Barbie. Tira seu cavalinho branco da chuva, benzinho! Não é porque lembrei de você enquanto o filho da puta do Elvis cantava que vou me render aos seus encantos.

We're caught in a trap, meu caro.



3 comentários:

Marcelo R. Rezende disse...

Delicioso.
A gente por vezes cai em algumas armadilhas cotidianas e quando nos damos conta, já estamos presos às lembranças que queríamos fossem para o inferno.

Tatiana Kielberman disse...

Uau!!

Sem mais....

Beijo, Flah!

Leonardo Marques Guedes da Silva disse...

Sobrou até pra mãe do Elvis, coitada hahaha
Muito bom ;)

Postar um comentário

Alimente os devaneios de uma Mariazinha. Comente.